maio 13, 2005

Sentimentos cruzados

Amo demasiado
Aquilo que não posso ter
Adoro demasiado
A felicidade que não posso alcançar

Sinto a falta
Do que não tive
Desejo o que não existe
Enquanto durmo acordada

Perco-me
Em mim própria
Encontro-me
Fora de mim

Cruzo-me com a verdade
Numa mentira escondida
Sou iluminada
Por uma luz que não brilha

Sou uma guerreira
No meio do nada
Estou só
No meio de uma multidão

O vento toca-me
No corpo que não tenho
Os meus olhos vêem
Somente o que não existe

Destruo o indestrutível
Junto os cacos intactos
Do todo que se estilhaça
E rasga o que não sou

Agarro sem mãos
Uma concha vazia
Oiço uma melodia sem som
Que me lembra o nada

O fogo que me queima
Faz-me sentir frio...
A água que bebo
Evapora a que ainda me resta

Minto a verdade
Oiço sem ouvidos
Sinto sem tacto
Olho o que não vejo

Saboreio o vazio
Amo o nada
Vibro a melancolia
Afogo-me sem mar

Encontrei na vida a Morte
Na salvação o Desespero
E no amor o Sofrimento
Mas em mim..só te encontro a ti..