abril 21, 2005

Sem pausa até ao fim

Intensamente povoado
de negros desejos
e de mortais ensejos
de morte e destruição
que viro contra o espelho
procurando na minha reflexão
odiar o reflexo claro
que sinto ser uma miragem
ou uma qualquer ilusão
que me atormenta
sem conter em si verdade alguma
ou qualquer prova
de possibilidade
de satisfatória redenção.

Mortalmente tentado
a seguir um caminho
descendo aos infernos
que gelam os mortais corações
dos vulgares ladrões
das nobres emoções
que pululam
por este mundo infecto
e tentam cravar
suas nojentas ventosas
nas carnes leitosas
das virgens que choram
à beira do desespero pleno
da vergonha opressora
dos seus estatutos.

Cortando as suas vias
e tentando exprimir
em palavras vazias
um mundo inteiro
na ponta de uma caneta
que está gasta
e que não mais comportará
outros semelhantes
afluxos mais brilhantes
de negro fel.

[Como complemento a este texto, também da minha autoria.]