fevereiro 03, 2005

A luz que não brilha

Sinto tuas mãos
a esgravatar no silêncio
conspurcado da minha alma
que em vão tenta silenciar-te.

Uivo ao luar
para me fazer notar
como monstro facínora
que devorará quem se aproximar,
qual amante da carnificina.

Põe tuas mãos sedosas em mim,
tenta amansar a besta;
morder-te-ei os dedos,
assombrarei a vida dos teus
e terás em conta que a traição
de em quem se confia
é mais sangrenta
que aquela que se atenta
contra desconhecida sombra lenta.

Sopras as tuas palavras
tentando acalmar minha alma,
esquecendo quem sou,
que todas as palavras me magoam
e que só o silêncio
- suspensão voluntária
da humanidade em mim precária -
consegue acalmar o fel
que escorre da minha boca
ruminado pelo maldito
e vomitado para o infinito.

Fere-me com as tuas carícias!
Recusa-te a perceber quem sou!
Mostra-me a tua compreensão!
Quem aos danados mostra salvação
não tem resposta que não seja o ódio
da vida que jamais alcançarão.

2 Comments:

Blogger miklas said...

Bem primeiro tive que ver aqui umas palavras num dicionário on-onlie porque não sabia os seus significados, mas agora já sei.

Este poema mostra bem no que o Homem se pode tornar quando é traido e que às vezes é muito dificil de conseguir esquecer as traições que nos fazem e que os humanos têm muito rancor, gostam de romer por dentro.

Ps: Eu sei que cheguei bem tarde e que não escrevi muito, mas é por causa de um exame que tenho amanhã de manhã e por isso ando um pouco afastado.

3:26 da tarde  
Blogger Fátima said...

Poderoso, tocante. assim é tudo o que escreves, seja prosa ou poesia. supreendeste-me no registo poético. não conhecia esta tua vertente. parabéns.

9:26 da tarde  

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